Bem Baiana: Conte um pouco da sua trajetória.
Ugo: Chef Ugo César, 35 anos, Pernambucano, dez anos na área.
Então... Comecei pelo curso técnico do Senac de cozinheiro e em seguida fiz o curso superior em gastronomia na faculdade Mauricio de Nassau daí não parei mais. Tive muita sorte na profissão “vocação”, trabalhei em vários restaurantes conceituados , hotéis, resorts, passei três anos na ilha de Fernando de Noronha onde me deu um grande 'network" que é muito importante para nossa profissão, morei uma temporada na Argentina e fiz vários cursos, em seguida fiz uma prova para trabalhar na Pullmantur uma das maiores empresas de navegação do mundo,onde chamo de Disney World, nada de montanha russa e cinema 3D, personagens e desenhos animados no lugar disso: fornos maravilhosos, panelas de pressão perfeitas, sistema de automação de ponta e foi nesse ambiente ideal para realmente eu colocar em prática os ensinamentos do curso. Pelas condições e pela intensidade do trabalho, o confinamento, de fato pode não ser algo do mais agradável, as horas são incontáveis com a jornada de trabalho acabei perdendo até a referência dos dias da semana, lembrando que tem hora para começar a labuta, mas para terminar... Isso me deu a oportunidade de viajar vários países e experimentar comida do mundo todo! Atualmente sou chef de uma casa de massas Italiana na cidade de Petrolina de alto nível, Professor do Senac e personal chef de vários famosos.
Bem Baiana: Como descobriu a gastronomia?
Ugo: Desde Pequeno sempre gostei de cozinhar, tinha uma avó que cozinhava perfeitamente e sempre acompanhava na hora da feira. A vocação vem desde cedo, era uma coisa notória, porem existia o tabu de homem não poder cozinhar e então fiz a faculdade de administração, parei no último semestre para me dedicar a gastronomia.
Bem Baiana: Quais são suas primeiras lembranças na cozinha? Você tinha algum prato predileto quando criança?
Ugo: Sempre ajudando minha avó a cozinhar, descascando verduras e mexendo canjica, bolão de feijão “Capitão”.
Bem Baiana: Qual a diferença entre a culinária baiana e a Pernambucana?
Ugo: A cozinha Pernambucana foi influenciada diretamente pelas culturas portuguesas, africanas e indígenas. Diversas receitas originais provenientes de outros continentes foram adaptadas com ingredientes encontrados com facilidade na região, resultando em combinações únicas de sabores, cores e aromas. Já a Baiana praticamente composta de pratos de origem africana, diferenciados pelo tempero mais forte à base de azeite de dendê, leite de coco, pimenta de várias qualidades e muitos outros que não são utilizados nos demais estados do Brasil.
Bem Baiana: Defina o cenário gastronômico nordestino.
Ugo: Um dos setores que mais se destaca no atual cenário econômico pernambucano é o gastronômico. Pernambuco tem o maior polo do Nordeste e o terceiro do país. Os números do setor são animadores. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes “Abrasel” , o brasileiro gasta cerca de 30% de seu rendimento com alimentação fora de casa. Até 2012, o percentual deve ser de 40% e, em 2020, a expectativa é que se chegue a 50%. Esse valor pode ser ainda maior se somados os gastos das empresas com vales-refeições e os valores não cadastrados por refeições feitas em pontos de venda informal.
Bem Baiana: Um recado aos estudantes de gastronomia.
Ugo: Seja criativo, tenha suas próprias facas, conheça as técnicas básicas, aprenda o vocabulário da culinária, respeite os produtos, aceite criticas, valorize os produtos locais, estude muito!!! Muita humildade, a faculdade de gastronomia é uma maravilha mais a realidade é outra, não existe glamur e sim muita ralação e lembre-se enquanto os outros se divertem nos trabalhamos muito!!!